A bala perdida(*) – Autor: Carlos Benites
Ouve-se o estampido
Um som surdo
Seco
Misturado ao som crescente da chuva que caía
FORTE
Outro som,
Como um irmão gêmeo
Outro e outro
Tem Fardado
Disparando a todo lado
Fardado sendo arrebentado
Fardado, você é explorado!
E os metais viajam pelo ar
Três encontram o Paço
O outro insiste em voar
E voa, voa
Por entre os pingos da chuva
Que tentam pará-lo
Deslizam por ele
Lavam seu corpo
Mas não limpam seu espírito
Assassino
Feroz
Sanguinário
Que insiste em seguir
Persistente
Sobrevoa a cidade
Com fogueiras juninas
Janelas quebradas
Vidros estilhaçados
Rostos cobertos
Que vandalizam
Os vândalos
de terno e gravata
Moços com cartazes
De sentidos diversos
Querendo saúde
Dignidade, educação
Respeito
E recebem fumaça
Spray do ardor
Que não é de paixão
Borduna na testa
E também a prima
Do metal voador
De borracha
Fardado, você é explorado
Fardado, vem pra nosso lado
Fardado, estamos desarmados
A moça de rosto pintado
Bandeira e lenço
Caminha pela rua
Gritava alegre
Vem pra rua
Vem pra luta
O Rio acordou
E de repente
A moça bonita para
Para de sorrir
E GRITA
O metal voador
De fúria maldita
Encontrou o seu peito
Manchando a bandeira
Avermelhando o asfalto
Ferindo a cidade
E a inocência perdida
Roubou uma vida
Mas não matou a esperança.
Rio de Junho
Dezessete
(*) Poesia classificada em 2. lugar no Prêmio UFF de Literatura 2013.
dezembro 18, 2013 às 2:46 pm |
Grande autor … adorei a poesia.
dezembro 18, 2013 às 2:47 pm |
Adorei a poesia … grande autor!
dezembro 19, 2013 às 2:09 pm |
Gostei…Instigante e esperançoso.
dezembro 19, 2013 às 3:13 pm |
Eu simplesmente adorei a poesia …. Sentimento de revolta, indignação à flor da pele! Parar se sorrir e gritar!!! Adorei, adorei, adorei!!!